Durante a última Car Rental Show, realizada em abril, nos Estados Unidos, tivemos a oportunidade de estreitar relações com os representantes da ACRA (American Car Rental Association), entidade representativa das locadoras que atuam no mercado norte-americano.
E os relatos que os dirigentes locais nos passaram permitem concluir que há muitos aspectos em comum entre as duas realidades – a dos EUA e a nossa. Em um mercado global, afetado pela pandemia, as locadoras de lá sofrem com muitos dos problemas com que nós aqui, no Brasil, temos convivido.
Um número que chama a atenção é a redução da frota americana dedicada à modalidade de aluguel diário, que passou de 2,4 milhões em 2019 para os atuais 1,8 milhão de veículos. Ou seja, lá houve uma redução de 600 mil carros que estavam disponíveis para o chamado rent a car.
Essa diminuição pode ser explicada por vários impactos a que as locadoras estão sendo submetidas, principalmente a falta de veículos novos a serem entregues pelas montadoras.
Com isso, a idade média da frota e sua quilometragem subiram. As tarifas também acompanharam esse movimento e foram reajustadas para cima. O período de ajuste às condições impostas pela pandemia persiste, com a indústria automotiva enfrentando dificuldades para entregar veículos novos em todo o mundo.
Há também uma preocupação com o aumento do custo de manutenção e até mesmo a falta de peças de reposição. Isso também não é novidade por aqui, entre as locadoras brasileiras.
Outra tendência registrada no mercado americano, e que provavelmente também será replicada aqui, é a demanda de orientações sobre o aluguel do carro elétrico.
A experiência inicial das locadoras de lá indica que os usuários ainda precisam de informação sobre as particularidades desse tipo de veículo, como as restrições de autonomia e abastecimento. Nem todos os estados americanos possuem uma infraestrutura desenvolvida para prover esse abastecimento de energia para os carros.
A parceria com a ACRA envolve o intercâmbio de informações sobre a atividade de locação e a atuação das locadoras brasileiras e americanas em seus respectivos mercados. Esse é um canal importante para identificarmos pontos em comum e podermos nos preparar melhor para eventuais situações críticas e desafios que surjam para a atividade de nossas empresas.
* Paulo Miguel Júnior é integrante do Conselho Gestor da ABLA e ex-presidente da associação